Deputada da oposição leva bebê à ocupação do plenário e é alvo de denúncia ao Conselho Tutelar

Na noite da última quarta-feira (6), a deputada federal Julia Zanatta (PL-SC), integrante da oposição, participou da ocupação do plenário da Câmara dos Deputados acompanhada de sua filha bebê. Em publicações nas redes sociais, ela reconheceu que estava utilizando a criança como uma espécie de "escudo" durante o ato.

"Plantão na Câmara dos Deputados para tomada de providências. Estou sentada na cadeira do presidente Hugo Motta. Ahhhh quantas coisas poderíamos fazer se o titular dessa cadeira tivesse coragem", escreveu a parlamentar, fazendo referência direta ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Mais cedo, Motta havia convocado uma sessão para a noite e alertado que os deputados que não deixassem o plenário poderiam ser suspensos por até seis meses. O presidente da Casa chegou a afirmar que poderia recorrer à polícia legislativa para desocupar o espaço, caso fosse necessário.

Desde a terça-feira (5), deputados da oposição ocupam os plenários da Câmara e do Senado como forma de protesto contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em prisão domiciliar, no contexto de um processo por tentativa de golpe de Estado.

Para tentar retomar a normalidade dos trabalhos, Hugo Motta determinou o fechamento dos acessos ao plenário e posicionou a polícia legislativa na entrada. Mesmo após tentativas de negociação com líderes partidários, o impasse persistia até a última atualização da reportagem.

Zanatta, ao reagir às críticas por ter levado a filha ao local, defendeu-se nas redes: "Os que estão atacando minha bebê não estão preocupados com a integridade da criança (nenhum abortista jamais esteve) eles querem é INVIABILIZAR o exercício profissional de uma MULHER usando SIM uma criança como escudo ?? CANALHAS!", escreveu.

Outra deputada da oposição, Carol de Toni (PL-SC), também levou sua filha pequena para a ocupação.

Conselho Tutelar é acionado

Diante da repercussão, o deputado Reimont (PT-RJ), que preside a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, acionou o Conselho Tutelar do Distrito Federal para avaliar a conduta de Zanatta. No ofício enviado, Reimont argumenta que a presença da bebê em um ambiente tenso e instável pode representar uma violação ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

“Tal conduta suscita sérias preocupações quanto à segurança da criança, que foi exposta a um ambiente de instabilidade, risco físico e tensão institucional”, diz o documento assinado pelo parlamentar.

A Comissão solicita ao Conselho que investigue o caso e, se necessário, tome as medidas legais cabíveis. “Visando garantir o pleno cumprimento dos direitos da criança envolvida, consideramos pertinente e necessária a atuação do Conselho Tutelar”, conclui o ofício.